terça-feira, 11 de maio de 2010

O Globo e o Tijolaço (ou "Não te fresqueia, guri!")


A voz do dono, o dono da voz e os donos de tudo
terça-feira, 11 maio, 2010 às 10:32

A capa e o conteúdo do jornal O Globo de hoje revelaram a Serra o que um dia, num único jornal do sistema, pode fazer à sua candidatura. Não que seja diferente ao que fazem dúzias de vezes com Dilma, mas foi, como dizia uma música dos anos 60, “a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.

Acostumado a mandar demitir repórteres com telefonemas, Serra perdeu a paciencia com “os comunistas do Dr. Roberto” do século 21. “Dos meus comunistas, cuido eu”, teria dito “o mais velho”, em plena ditadura, ao “ministro da justiça” (assim mesmo, entre aspas e em minúsculas) Armando Falcão. Embora não sejam mais comunistas e o Dr. Roberto não esteja mais aí, Serra mexeu num vespeiro, muito maior que o cada vez mais frágil jornal O Globo. Mexeu na Globo, no centro de comando da elite brasileira.

Embora a Miriam Leitão tenha ficado publicamente apatetada e se contido – a vingança, como dizia o personagem do Chico Anísio, “será maligna”. A edição do jornal impresso de hoje, que reproduzo aí ao lado, já mostra isso. A foto de um Serra que parece doente, alquebrado, sendo seguro na escada como um inválido que não se sustenta é o tipo de maldade atroz que ele, pela primeira vez, tem de encarar no jornal.

O título é de uma clareza solar. Traduzido, quer dizer: Serra, este é o Serra que queremos. Oposição, não pseudolulista. O império não quer almas pela metade, ele quer a vassalagem incondicional. Ele quer alguém que se ajoelhe em seu altar, renegue e maldiga sua fé passada e proclame sua conversão em alto e bom som, como fez FHC em 1995, ao dizer, já em seu discurso de posse, que vinha para destruir a “Era Vargas” e entregar, como nunca se entregara nem na ditadura, o Brasil aos grupos econômicos daqui e de fora.

Lá dentro do jornal, coube a Lord Merval Pereira colocar a coisa em letras explícitas: fala em ressurreição do ranzinza e de Serra ser o “centralizador” e “mais intervencionista do que Dilma”. Ao lado, seguia a ironia fotográfica, com uma grande foto de Dilma sorridente, ao lado de Antonio Palloci, o “homem de confiança” do mercado nos primeiros tempos do Governo Lula.

Serra tem sorte de que o Dr. Roberto não esteja mais aí, para não correr o risco de sofrer mais um dos “castigos” que gosta de impor aos “insolentes”: ser “demitido” com um telefonema. Mas vai ter de fazer seus atos de contrição, ficar comportadinho e parar de achar que é alguém com direito a ter posições próprias e pessoais, mesmo que sob a fantasia que os marqueteiros lhe desenharam.

Serra tem que exorcizar de vez suas convicções do passado, sepultar o antigo Serra que pensava no papel do Estado, no desenvolvimento, que, inconformado com a morte que a traição lhe deu, brota em espasmos como o de ontem. Não se lhe exige apenas o papel de agente da direita, querem a conversão completa ao papel que assumiu. De Fausto não se queria parte, mas tudo.
Dante Aligheri escreveu na sua Divina Comédia que, nos umbrais do Inferno havia talhada uma frase: Abandona toda esperança, vós que entrais.

A gauchada, que não leu Dante, se expressa mais claramente: “não te fresqueia, guri”.

por Brizola Neto, de O Tijolaço

Folha: se não é pra São Paulo, não existe

É mais que óbvio que os chamados "jornais de alcance nacional", embora assim queiram ser rotulados, apenas reproduzem os modelos de concentração econômica impostos nos seus estados sede. Além disso, alguns, como a Folha, já não escondem que sequer as informações chave de determinados setores são relegadas a terceiro plano (ou mesmo sumariamente omitidas), uma vez que o que interessa é alimentar os factóides contra determinados grupos políticos.
Hoje, em Rio Grande, a revista Voto organizou o seminário "Rio Grande - Onde o Rio Grande Renasce". O mote é o impressionante desenvolvimento do município e região, em função do polo naval que nasce, incentivado pela política do governo federal direcionada a esse setor (nos mesmos moldes de Suape, em PE).
A ex-ministra Dilma foi uma das palestrantes. Entre vários outros fatos jornalísticos, anunciou que o governo deve investir US$ 2,68 bilhões na cidade, para a integração de plataformas e construção de cascos de plataformas em série nos novos estaleiros que por aqui pipocam.
Se procurarmos algo na Folha Online de hoje, encontraremos duas matérias sobre a visita de Dilma a Rio Grande. Da lavra do jornalista Graciliano Rocha, ambas "esqueceram" de focar no tema do seminário, nos investimentos no setor naval e no desenvolvimento da região. Afinal, haviam temas "mais relevantes", a saber:

- Dilma minimizou a importância de nunca ter concorrido à eleição;
- a posição de Dilma (de novo) sobre a autonomia do BC;
- o que a pré-candidata acha sobre eventual afastamento de Tuma Jr., novo alvo da própria Folha;
- Neymar e Ganso devem ir à Copa?

De resto, nada importa mesmo. Afinal, nem é sobre São Paulo.



Seguem as matérias publicadas pela Folha:

11/05/2010 - 12h55
Dilma defende convocação de Neymar e Ganso
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GRACILIANO ROCHA
da Agência Folha, em Rio Grande (RS)

Em Rio Grande (RS), onde participa de seminário sobre a indústria naval, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, defendeu a convocação de Neymar e Ganso para disputar a Copa do Mundo pela seleção brasileira.

Ela foi questionada se costuma assistir a jogos de futebol. "Eu via, parei de ver e voltei a ver. O Neymar e o Ganso têm esse capacidade de fazer a gente olhar [futebol]. Têm esse lado brincalhão e alegre."




11/05/2010 - 15h20
Dilma diz ter acumulado experiência administrativa para governar o país
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GRACILIANO ROCHA
da Agência Folha, em Rio Grande (RS)

A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse hoje em Rio Grande (RS) que acumulou experiência administrativa para governar o país e minimizou a importância de jamais ter concorrido em uma eleição.

"Fico pensando se às vezes não é bom isso, porque seria uma lufada de ar novo numa situação mais tradicional de fazer política", disse ela.

Sobre eventuais mudanças no Banco Central, caso fosse eleita presidente, Dilma disse que "em time que está ganhando não se mexe".

Ontem, o pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou que, se houver "erros calamitosos" em políticas do BC, o presidente deve interferir e opinar.

Dilma também foi questionada sobre a investigação contra o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, suspeito de ligação com um suposto integrante da máfia chinesa.

"Se ele tiver envolvimento, tem que se afastar. Não sei qual a gravidade, não tenho como avaliar. Estou falando em termos de conceito. O método é que a gente não julga ninguém previamente porque você passa a ter uma política de condenação sem direito de defesa. Se tiver fundamento a acusação, afasta", afirmou Dilma.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Hoy la vi

E aqui, os dois cantam juntos


Los cubanos

Um pouco de ótima música. Homenagem ao povo cubano, com dois de seus maiores expoentes. No primeiro vídeo, a inesquecível "Yolanda", de Pablo Milanés. No segundo, Silvio Rodriguez na intensa "Ojalá".

Cuba, hasta siempre!