Juro que tentei me manter fora da polêmica que se criou em torno da matéria sobre um suposto tiroteio na avenida Rio Grande, no Cassino. Primeiro, porque me dou bem com as pessoas envolvidas na polêmica. Segundo, porque não queria passar a ideia de estar tentando rebater crítica ao jornal em que trabalho. Não faz parte da minha atuação, pois entendo as críticas, em geral, como positvas, e em vários casos até mesmo merecidas.
Mas o que houve, depois que vi e revi a questão, foi um injusto linchamento de uma profissional competente e trabalhadora, com décadas na profissão, e com muito mais "culhão" (desculpem o termo, mas inevitável nesse caso) do que muito homem por aí. Eu sei da exposição e dos riscos que tem corrido a Anete Poll na profissão de jornalista, cobrindo casos policiais. É natural da profissão, mas até isso vem em abono a ela.
Agora, sofrer os ataques que sofreu, e de maneira injusta (já que a história foi mal contada, e o jornal tem parcela de culpa, sem dúvida), não é algo que eu possa ver calado. Repito: se fosse asomente a questão do jornal envolvida, eu possivelmente mataria no peito e passaria em branco. Mas não foi o caso: pessoalizaram as agressões contra uma pessoa trabalhadora e competente.
Só pra dar uma ideia a vocês, Anete Poll já passou por redações de boa parte do Sul do país. Tendo trabalhado no Agora no século passado, voltou (por motivos que só a ela interessa) e foi bem recebida, justamente pela competência que já havia demonstrado.
Neste caso, como podem ver no texto reproduzido aqui, ela fez o que deveria: sabendo dos relatos, ouviu fontes, testemunhas e relatou tudo. Depois, por obrigação da profissão, escutou também as fontes oficiais. Está tudo no texto. O problema é que, sabe-se lá por quê, circulou nas redes sociais apenas o relato da polícia.
O que prejudicou foi, por uma questão interna (que nada tem a ver com "teorias de conspiração", já que, infelizmente, é mais uma matéria corriqueira de violência que publicamos quase que diariamente), o jornal ter retirado o texto. Como as matérias ficam prontas antes para o site, acabou saindo online e depois caindo, em princípio temporariamente. Infelizmente, isso deu margem a tais "teorias", em um tema, repito, já até banal.
Pra não me alongar, disponibilizo print do sistema do jornal, que deixa log de modificações que NÃO PODE SER ALTERADO (se alguém duvida, passo os dados da empresa responsável para checagem), provando os horários do texto final, completo, com os testemunhos, os relatos e a posição da polícia.
Eu considero ter feito a minha parte. Se alguém ou alguma entidade representativa quiser fazer algo mais, em desagravo à profissional, não cabe a mim considerar.
Abaixo, vai o texto completo, também. Faço isto aqui no blog (que abandonei há bom tempo) porque é particular, e assim assumo qualquer responsabilidade pelo que posto, e ainda em consideração à jornalista, injustamente atacada por quem jamais sequer trocou uma ideia com a mesma. Coisas da internet e das "novas relações das redes sociais", infelizmente... Um pouquinho mais de respeito e consideração faz bem pra todo mundo.
A seguir, a matéria, na íntegra:
Enviada por | Anete Poll |
Data Cadastro | 09/12/2013 - 13:53 |
Edição | 10711 |
Caderno | Polícia |
Cartola | Cassino |
Título | Tiroteio na avenida Rio Grande não foi confirmado pela polícia |
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Conteúdo |
Muitas pessoas falaram sobre um tiroteio que supostamente aconteceu na noite de domingo (8), próximo às 21h, em plena avenida Rio Grande, esquina com a rua Caçapava, ao lado de um posto de combustível, no Cassino. Testemunhas afirmaram que algumas pessoas enfrentaram-se com armas de fogo. Um funcionário do posto, que estava trabalhando na ocasião, disse que não chegou a ouvir os tiros, pois estava na loja de conveniência. Ele comentou que no momento o movimento era intenso no local e por isso não ouviu quando, e se, houve tiros.
Outra testemunha, uma senhora que prefere não se identificar, disse que estava junto com a mãe nas proximidades. Ela estava descendo do carro para entrar em uma loja, quando os disparos iniciaram. "Fiquei apavorada. Entrei imediatamente no carro e saí com a porta aberta, sem me dar conta, assustada e morrendo de medo de levar um tiro".
Um homem que passeava com duas filhas pequenas na avenida, bem em frente ao local dos supostos tiros, disse que a única coisa que lhe pareceu possível no momento em que ouviu estampidos foi pegar as duas filhas e sair correndo abaixado. "Escutei o barulho e fiquei sem ação e em pânico. Só lembrava-me de que as meninas estavam comigo e que um tiro poderia atingi-las. A única coisa em que eu pensava era em correr e sair dali", disse ele.
Não houve boletim de ocorrência na DPPA e nem na 3ª Delegacia de Polícia, no Cassino, sobre um tiroteio. No entanto, o 2ª Companhia de Pelotão da Brigada Militar, do Cassino, recebeu denúncias de um tiroteio. Mas a viatura foi verificar e não encontrou nem denunciante e nem autores dos possíveis disparos. "Buscamos informações junto a populares e comerciantes e não conseguimos nada preciso sobre os autores ou o fato. Ninguém nos repassou ter visto a presença de armas de fogo embora tenham relatos de estampido", frisou o capitão Fábio Hax Duro.
Para ele, a população pode estar assustada e muito preocupada com os últimos acontecimentos envolvendo armas de fogo. "Esses fatos se divulgam rapidamente e muitas vezes de forma aumentada, deixando a população em estado de medo", acrescenta o capitão.
Não faz muito tempo, houve denúncia também de troca de tiros no Barracão, em um domingo à noite, o que também não foi confirmado. Segundo o capitão Hax Duro, nenhum comerciante disse ter visto ou ouvido alguma coisa naquela ocasião. Houve um único tiroteio confirmado, que aconteceu no dia 3 de dezembro, e que resultou na morte de Fernando Fernandes Botelho, 21 anos, também conhecido como "Dimenor". Este tiroteio foi na esquina das avenidas Rio Grande e Atlântida, no Cassino.
Anete Poll |
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