quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Inversão de valores



Nota pública em defesa do Estado de Direito

Os oito deputados estaduais abaixo nominados, em defesa do Estado Democrático de Direito e das instituições republicanas e na defesa das liberdades individuais, manifestam o que segue:

1) O PT não vem zelando adequadamente pelo segredo de justiça referente aos autos da chamada Operação Solidária, viabilizando, seja por ações ou omissões, vazamento de informações sigilosas, que atentam à honra e à dignidade de pessoas envolvidas em investigações da polícia federal, com fins nitidamente político-eleitorais.
2) Diante dos vazamentos sistemáticos, antiéticos, seletivos e dotados de fins eleitorais de trechos de gravações telefônicas que foram distorcidos, pinçados cirurgicamente da imensa investigação que constitui a Operação Solidária, os deputados signatários desta manifestação entendem que as instituições fiscalizadoras deveriam apurar responsabilidades criminais cabíveis à violação de segredo de justiça no âmbito da chamada CPI do PT.
3) Os deputados estaduais signatários desta nota pública entendem que deve ser totalmente revogado o segredo de justiça que recai sobre a Operação Solidária, divulgando-se em todos os meios de comunicação e a toda a população gaúcha e brasileira o teor completo desta preciosa investigação. Deste modo, todos terão acesso à integralidade da investigação realizada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Até porque, a divulgação seletiva e distorcida de nomes e fatos apenas favorece o debate eleitoral em prol daqueles que atuam na partidarização do aparato estatal investigatório. Já a divulgação integral permitirá aos investigados um correto exercício do direito de defesa.
4) Os parlamentares que firmam este documento repudiam o rumo antidemocrático e baixo que o debate eleitoral antecipado vem trilhando no Rio Grande do Sul, em detrimento dos interesses legítimos dos gaúchos. Com a instrumentalização do aparato estatal investigatório, distorcem-se escutas telefônicas, aproveitando-se do segredo de justiça para atacar seletivamente pessoas e destruir reputações construídas ao longo de toda uma vida de dedicação ao Rio Grande do Sul.


COFFY RODRIGUES – Relator – PSDB
GILBERTO CAPOANI – Vice-Presidente – PMDB
ADILSON TROCA - Membro – PSDB
SANDRO BOKA – Membro - PMDB

JOÃO FISCHER – Membro - PP
PEDRO WESTPHALEN – Membro - PP
IRADIR PIETROSKI – Membro – PTB
LUCIANO AZEVEDO – Membro - PPS


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Após a acinzentada nota acima, volta o Mídia ao Avesso.

Acuados por não poderem fazer nada mais do que a vergonhosa conduta de bloquear as investigações e não permitir que a Assembleia exerça seu dever constitucional de investigar um desvio multimilionário no Estado, de apurar quem são os ladrões de merenda (seja para não perder seus cargos, para proteger correligionários ou sabe-se lá, por motivos ainda mais inconfessáveis), os oito que subscrevem a tosca nota tentam ao menos imputar alguma parcela de culpa aos parlamentares que querem as investigações.

O curioso do texto (embora todo ele seja esdrúxulo) é que,embora os "oito do forte" de Yeda acusem a comissão de eleitoreira, a denominem "CPI do PT" e citem nominalmente apenas o Partido dos Trabalhadores, esquecem que na verdade, no âmbito da chamada CPI da Corrupção, estão no lado de quem busca a verdade, além do PT, parlamentares do PDT e (quem diria) do DEM, que compôs chapa com Yeda para o governo. Portanto, ao que parece, a tentativa de partidarização parte mesmo é deste... grupo (muita calma nessa hora) de oito... (mais calma ainda) deputados.
E fica muito mais difícil explicar a omissão, a falta de vontade de investigar, a desídia, o não cumprimento do dever, quando os próprios colegas dão exemplo melhor e mais íntegro, como fez hoje o deputado tucano Nelson Marchezan Jr., que ao menos participou da oitiva de mais alguns "enojantes" áudios (nas palavras de Alexandre Postal). Para Marchezan, segundo o qual "pessoas muito conhecidas" aparecem nas gravações em situação de "muita intimidade", participar das reuniões da CPI é uma forma de "honrar seu salário", pois é pago para ir nas reuniões das comissões, nas sessões plenárias e nas demais atividades legislativas. E, pela lógica, quem não participa, então, não honra o que ganha. É isso?

Um comentário:

Anônimo disse...

Mais ou menos a mesma situação da CPI da Petrobras?!