- O jornalista Antônio Carlos Macedo, da rádio Gaúcha, protagonizou ontem (15/09) um marco do jornalismo moderno, ao travar um "duelo" de mais de 15 minutos, no ar, com o deputado federal José Otávio Germano (PP-RS). Não cabe mais aos jornalistas um papel meramente técnico, numa aparente imparcialidade "glacial", sobretudo quando se depara com evidentes contradições. O duro embate começou após Macedo divulgar, em seu programa, diálogos de gravações interceptadas durante a Operação Rodin, onde apareciam, entre outros, o deputado. José Otávio ligou para o programa para se explicar, mas, com uma inesperada reação do apresentador, parece que a emenda acabou saindo pior que o soneto.
- Num dos trechos, Zé Otávio e Dornéu Maciel (também réu no processo originado daquela operação) falam em valores de "sete zero" e "sete um", e que estaria "faltando 1", que poderia ser deixado com a secretária do deputado. À época, o parlamentar alegou que 71 seria o número de sua ficha em uma votação no Grêmio. No entanto, áudios inéditos apresentados ontem, na visão de Macedo, derrubam por terra essa versão. E, como o deputado repetiu ontem o mesmo argumento, o radialista se irritou, pedindo que Zé Otávio parasse de "afrontar a inteligência alheia" com aquela história.
- Alguns pontos se destacam no que virou um bate-boca ao vivo. Quando o deputado pede para que a mídia espere "um pouquinho a Justiça falar", Macedo responde com ironia, dizendo ter certeza que Zé Otávio será mais um político absolvido. "O senhor vai ser absolvido e reeleito, não tenha dúvida, deputado". Mais adiante, cobrado para que seja justo em seus comentários, Macedo rebate: "tenho que ser justo, mas também não tenho sangue de barata com quem, não sei quem, some com R$ 45 milhões do dinheiro público, e não foi ninguém".
- O diálogo ganha contornos mais dramáticos no final. Zé Otávio disse que pedia "quase de joelhos" para que Macedo esperasse o momento certo para lhe criticar. "E, se eu for condenado, pode mandar me matar, me enforcar em praça pública", disse. Ao que Macedo retrucou: "não se faça de vítima, deputado". Escute, no site da rádio, a íntegra do bate-boca.
- Carlos Eduardo Concli e Halley Lino de Souza, respectivamente presidentes do PMDB e do PT em Rio Grande, também travaram um duro debate, na segunda à noite, no programa Augusto Cesar Entrevista (TV Rede Cidade). Os dois subiram o tom das acusações recíprocas: Halley questionando sobre a crise pela qual passa a prefeitura rio-grandina (com um rombo de R$ 11,38 milhões apontado pelo TCE) e Concli fazendo alusão a questões polêmicas relativas ao governo federal.
- Temas levantados por reportagens do Agora foram a tônica do embate, como o desequilíbrio financeiro apresentado em 2008 e a licitação para a concessão do serviço de limpeza urbana, contestada pelo Ministério Público.
- De parabéns esteve o mediador, coronel Augusto Cesar, que teve habilidade para conduzir o "confronto" de forma equilibrada e imparcial. Mais enfrentamentos esclarecedores como esse seriam bem-vindos. A comunidade agradeceria.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Coluna semanal no Agora - Rio Grande (RS)
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