quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Polêmica sob encomenda

Polêmica = controvérsia, divergência de opiniões.
Na unanimidade, não há polêmica.


O grupo RBS levou esta semana aos gaúchos, em toda a sua ampla gama de veículos (rádios, jornais, TVs, sites...), uma polêmica sem a qual, convenhamos, o mundo como o conhecemos sequer seria possível: a professora que tentou disciplinar o aluno, em uma escola de Viamão, estava certa ou errada?
Após a massiva (e maçante) exploração, provavelmente todo mundo já conhece o caso. A professora e vice-diretora da escola, consternada pelo vandalismo praticado por um aluno, após descobrir a autoria, determina que o mesmo repinte paredes que recentemente haviam sido pintadas através de um mutirão de porfessores, alunos e familiares.
Pois bem, a partir de uma reclamação da mãe do aluno (que, fica claro, não disciplina o próprio filho e também não permite que os professores o façam na escola), a RBS mobilizou todos os seus veículos para transformar o caso em uma "polêmica", ainda que tal não o fosse. Para isso, questionou a autoridade da professora, chamou educadores, elencou opiniões de psicólogos escolhidos a dedo... enfim, usou e abusou da cartilha de como gerar um factóide e dar a ele a repercussão desejada (ainda que ilegítima).
Entre os instrumentos escolhidos para fomentar a tal "polêmica", um acabou sendo o próprio tiro no pé: as enquetes. Hoje pela manhã, mesmo sem se dar muito conta, uma repórter de rádio estragava a festa, ao dizer que, dos e-mails, mensagens por celular e posts em blogs que a rádio recebia, mais de 99% eram em apoio à atitude da educadora. E, é lógico supor, dentre estas 99% de opiniões, boa parte são de pais e mães que também têm filhos em idade escolar. Ou seja, nem entre estes, a tese da "polêmica" rebessiana colou.

Agora, se se pode tirar uma coisa desta polêmica, que somente hoje ocupou quase 15 minutos do Jornal do Almoço, é que, pelo menos, a emissora não precisou aprofundar as nem tão relevantes questões do desvio de pelo menos R$ 44 milhões dos cofres públicos, supostamente cometido por um grupo enraizado no (e sob o beneplácito do) núcleo do governo do Estado (comandado, como bem se sabe, por uma antiga colaboradora do grupo).
Se bem que, quanto a isso, não há mesmo muita polêmica. Todo mundo sabe (embora nem todos admitam abertamente) que roubo houve. E nem mesmo na CPI da Corrupção na Assembleia Legislativa há qualquer polêmica sobre o tema. Afinal, os governistas, a quem caberia o papel de polemizar nas reuniões da CPI, optaram simplesmente pelo método do avestruz, enterrando a cabeça na terra e deixando o grupo de oposição falar sem resistência. Sem "polêmica".

Um comentário:

sidnei disse...

Concordo integralmente com as colocações feitas no comentário do blogueiro.