quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Coluna semanal no Agora - Rio Grande (RS)

  • Paralelo à corrida armamentista anunciada nos últimos meses na América Latina (com Chávez anunciando "foguetinhos" e Lula flertando com arsenal francês), agora o continente vê a temperatura política aumentar, com o recrudescimento da crise hondurenha. E o Brasil, que desde o primeiro momento do golpe que destituiu Zelaya pressionou por sua volta ao cargo, agora envolveu-se de vez no episódio, ao conceder abrigo ao presidente deposto em sua embaixada na capital hondurenha.

  • Apesar das críticas da oposição tupiniquim, a atuação brasileira está em linha com o pensamento sustentado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), bem como com a quase totalidade das nações, que repudiaram o golpe político-militar em Honduras. O senador Agripino Maia (DEM), através do Twitter, questiona por que Zelaya teria procurado refúgio na representação brasileira. E o próprio refugiado respondeu, ao dizer ontem que o fez por considerar o Brasil um "exemplo de democracia".

  • É claro que o movimento da diplomacia brasileira (embora sem outra opção que não aceitar o refugiado em suas instalações) pode ter consequências improváveis. Qual será a resposta brasileira, por exemplo, caso os golpistas desrespeitem a ordem internacional e violem a casa brasileira em Tegucigalpa? Por outro lado, não resta dúvida que a política externa do Brasil deverá sair lucrando, ao mostrar posição de independência e de liderança no continente. Afinal, a defesa firme da ordem democrática não coube nem à Venezuela (do falastrão Chávez) e nem aos EUA, outrora xerife do mundo.

  • Dentro de nossas fronteiras, a notícia mais relevante dos últimos anos foi a pesquisa Pnad, divulgada segunda-feira, e que apontou a forte diminuição da desigualdade social no País. De 2003 a 2008, 25 milhões de brasileiros ascenderam das classes mais baixas para as médias. Em 2003, primeiro ano da pesquisa (e do governo Lula), 28% da população figurava na classe E; em 2008, eram apenas 16%. Para Ricardo Paes de Barros, do IPEA, "é uma sequência de queda [da desigualdade] impressionante". E, para o jornal espanhol El País, "o Brasil alvoroça a ordem mundial". No Brasil, no entanto, o tema não mereceu as manchetes de nossos principais jornais.

  • Aqui no pago, parece que hoje, finalmente, teremos o primeiro embate da oposição com os governistas na CPI da Corrupção. Até então, a bancada yedista adotou uma postura de fugir do debate. Mas, frente à pressão da população (que quer ver os desvios no Detran investigados) e à possibilidade de serem vistos como coniventes, não resta outra opção senão mudar de tática.

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