A deposição forçada de Manuel Zelaya em Honduras, em 28 de junho, foi vista pelo mundo todo como um golpe de Estado. Um grave atentado à democracia. Mas, como toda unanimidade é burra, eis que surge uma voz (tá bom, uma mera vozinha), que escapa de uma estranha cabeça enfiada num chapéu (talvez para disfarçar-lhe o formato exageradamente oval), pra discordar e dizer que, ao contrário, os golpistas são heróis defensores do Estado Democrático.A defesa do golpe armado vem (se você ainda não adivinhou) do indivíduo que se autointitula "Tio Rei", mas que atende também pela alcunha de Reinaldo Azevedo. E que é pago pela Veja, do sr. Civita, pra sempre contrariar a esquerda. Mesmo que, por diversas vezes, isso signifique contrariar o próprio bom senso (ou o que lhe resta disso).
Se tiver estômago, o texto pode ser lido aqui. Mas, pra lhe poupar deste desgosto, dá pra resumir o pensamento "majestoso" do "reizinho" pela seguinte ideia: Zelaya é o golpista, uma vez que arquitetava uma consulta popular (um plebiscito) para ver se o povo hondurenho aceitava ou não permitir-lhe concorrer novamente à presidência. Segundo o articulista oval, diante desta conduta de Zelaya, Honduras se socorreu da "democracia de uniforme" para defender a Constituição.
Esquece, porém, o pontiagudo, que seu querido Brasil foi quem catapultou os desejos de reeleição dos mandatários "américo-latinos", através do então presidente Fernando Henrique Cardoso. E não lembra, muito menos, que a proeza de FHC se deu após uma escandalosa compra de votos (leia aqui e aqui) no Congresso Nacional, que garantiu a aprovação da emenda da reeleição. E que a "grande mídia" exultava, à época, com a ideia, que tinha "apoio popular".
Se "reizinho" considera que Zelaya afronta mandados constitucionais ao propor que o povo (através da democracia direta, o plebiscito) decida sobre a possibilidade de um segundo mandato, então como o articulista chiliquento definiria a manobra tucana em 1997 (através da compra de votos em um processo de democracia representativa)?
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